quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Depois de você desistir de nós

Eu viajei pra perto de você, voltei para a casa dos meus pais e sofri para voltar pro apartamento cheio de memórias.
Eu acabei tomando one too many drinks de vodka e não me lembro muito bem do que aconteceu entre a porta do restaurante e o áudio de 5 minutos que enviei em prantos pra você A/C da minha melhor amiga.

Eu arranquei quatro dentes e passei semanas comendo apenas o sorvete que você mais amou na sua vinda pra cá.
Eu enrolei um moço por quase um mês e acabei me envolvendo em um quase-relacionamento aberto com 9 meses de duração e três aleatoriedades afetivas, ou nem tanto, no caminho.

Eu consegui um trabalho.
Eu pulei carnaval com uma das minhas melhores amigas num dia que nenhuma das duas queria sair de casa e não foi uma experiência tão péssima quanto nós dois pensávamos que seria quando conversamos sobre isso no ano anterior.
Eu finalmente fiquei com aquele cara que me chamou pra sair quando a gente ainda estava junto, e foi o melhor beijo da minha vida.
Meu grupo de estudos não voltou depois das férias e eu matei quase todas as aulas do semestre.

Eu comecei a escorregar num buraco escuro da vida, mas ainda conseguia ver uma luz no fim do túnel.
Depois de você desistir de nós, minha vó morreu do nada e o buraco ficou mais fundo e mais escuro e eu escorreguei ainda mais.
Eu tive crises de ansiedade também. Bem terríveis por sinal.
Eu tomei outro porre, pior que o do começo, e desejei nunca ter bebido e nunca mais beber outra vez.
Eu não saí muito mais de casa.
Eu procurei por ajuda, voltei a fazer terapia e você ainda foi tópico em algumas sessões.
Eu recebi minha amiga em casa e a gente riu do dia que você desistiu.
Eu acabei começando outro quase-quase-relacionamento aberto, mas, sinceramente, o outro era mais fácil.
Eu sai de casa algumas noites e voltei só no dia seguinte.
Eu não saí da minha cama nem pra comer.
Eu surtei com a faculdade e quase desisti de tudo (e foi mais ou menos aqui que eu parei de contar quanto tempo levaria pra te reencontrar).
Eu comprei running shoes, saladas, frutas e decidi cuidar de mim.
Eu esqueci dessas comidas na geladeira, e não tenho ânimo pra fazer exercícios.
Eu continuo com ajuda, mas o caminho parece ser tão longo...

Parece que depois de você desistir de nós, eu desisti de mim.

MORAL:
Ditmas
M&S





quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Elementar, meu caro.

Desde meados agosto de 2014 eu venho aprendendo e tentando aplicar na minha vida a ideia de que existe um filtro em nós, que se prestarmos bastante atenção e fizermos bom uso dele veremos as coisas e pessoas (tudo, na verdade) da maneira mais pura e verdadeira.
Uma vez decidida que eu utilizaria essa ferramenta do meu ser, tenho levado uma vida mais feliz, mais grata e mais cheia de amor para dar. Claro, algumas situações chegam a embaçar a nova lente que eu escolhi para mim, mas nada que um pouco de reflexão não devolva a claridade e nitidez das coisas.
Me cerquei de pessoas que concordavam com essa maneira de (vi)ver, estudamos toda semana e discutimos esse mundo da vida tão cheio de Mistério e Beleza, compartilhamos nossas descobertas, dúvidas e experiências. Tudo muito lindo. 
Me diz: quem não gostaria de viver uma vida assim?
Assim eu embarquei rumo a quase dois meses de férias, longe desse grupo, longe do meu sofá-cama e das minhas horas vagas de leitura com meu grifa texto em mãos, de cara com grupos e lentes que não entendem e não enxergam esse filtro. Atos de amor são vistos como obscenidades, gratidão é vista como puxação de saco e generosidade é vista como babaquice. Me diz: quem gostaria de viver uma vida assim?
Meu novo filtro não me permite viver em um mundo raso, onde o Mistério só é encontrado em templos que julgam ser "santos", onde o valor e dignidade de uma pessoa são medidos pelo que ela tem, faz ou traz de benefício para o outro, onde a Beleza e a Verdade não são buscadas a fundo em tudo que se vê, onde se descarta qualquer possibilidade de conhecimento e reconhecimento
Sim, eu sou dessas que vê pureza, beleza e dignidade em tudo e em todos. Ingênuo? Jamais. Não descarto o fato de que existem maldades no mundo, mas creio fortemente que existe muito mais por trás de tudo, seja a superfície boa ou ruim.
Estar cercada de pontos de vista diferentes do meu não me fez duvidar do que aprendi e venho praticando nos últimos meses. Muito pelo contrário... 
Ok, é um pouco frustante ter que se deparar com tantas vidas que deixam de ser vividas em sua totalidade, com a má interpretação e a dificuldade de explicar tudo isso, mas como disse Spinoza: "Sed omnia praeclara tam difficilia quam rara sunt" (mas tudo que é grande é tão difícil de se compreender quanto de se encontrar).
Que sorte a minha ter entendido e encontrado, e poder, aos poucos, ajudar para que outros entendam também :)

MORAL:
Um beijo pro Frankl, um pro Giussani, um pro Mahfoud, e mais um pro Pacheco.
Todos me ensinaram sobre Experiência Elementar, e me ajudam a ajustar o foco sempre que preciso.

sábado, 19 de outubro de 2013

Winter Winds

Eu não gostava das declarações no começo. Eu odiava o tom arrogante sempre que se discutia Psicologia, Política, séries, Bíblia, comida, ou qualquer outra coisa. Eu odiava o fato de nunca se ter nada de bom pra contar, como estava sempre reclamando do trabalho, da faculdade, da família, da igreja, do pastor, dos amigos. Eu odeio ter ficado um pouco reclamona também, de ter me "desensinado" a olhar o lado bom das coisas. Eu odiava que sempre que eu tentava dar uma animada, era compreendida como se eu não soubesse de nada, como se minha vida fosse muito mais fácil, como se eu gostasse de tudo que eu tinha que fazer para fazer as coisas darem certo. Eu não gostei do presente de Natal. Eu odiava saber que minha irmã odiava, que meus pais achavam uma péssima ideia, que meus amigos não gostavam , e mais ainda, odiava saber que todos eles tinham motivos válidos e que no fundo eu sempre acreditei neles. Eu odeio o fato de não ter percebido que nunca houve num processo de mudança de fato, havia apenas remorço. Eu odiava a frieza do meio pro fim, como nunca se tinha tempo pra nada, como nunca dava sinal de vida, como eu ficava aflita a semana toda tendo a certeza de que algo estava errado e só conseguia ficar tranquila aos sábados, depois de passar aquelas poucas horas, só para domingo já estar aflita de novo. Não gostava das "cartas". Não gostava das chatices e do egocentrismo (coisa de bebês recém nascidos que acham que o mundo gira em torno deles). Eu odeio o fato de ter sido vista como fraca, odeio que nunca me ofereceu ajuda, nunca tentou fazer com que eu me sentisse melhor quando eu precisei. Odiava que meus convites nunca eram aceitos, e se fossem, era como que por obrigação, nunca por prazer. Odeiei o "se pá você pode ir comigo", por isso inventei uma desculpa e preferi ficar em casa vendo tv. Odiava não poder ser quem sou por completo. Me arrependo de ter mostrado minha banda preferida, e de ter mostrado o filme que até então me lembrava de coisas boas. Mas não me arrependo e não odiei tudo.
Não digo tudo isso só agora para cuspir no prato em que comi, mas sim porque percebi que tudo isso era verdade desde o começo, desde antes de sermos  "nós", e principalmente depois de virarmos "nós", ou quase isso. Eu sabia mas preferia ignorar. Eu escutava minha razão (não tão razoável) que me encorajava a continuar, afinal de contas, eu já tinha chegado mais longe do que nunca, batidos records, eu não podia desistir. Hoje, fico feliz por não sermos mais "nós", por conseguir me dar conta de tudo isso sem precisar mentir para mim mesma, para você, para os outros. Fico feliz porque, apesar de tudo, foi bom, houve momentos de felicidade, sem dúvidas. Mas principalmente porque posso finalmente dizer que estou feliz de verdade, e que depois de tudo isso, eu aprendi que devo ouvir meu coração quando ele disser "Desta vez, não. Desta vez, não".

MORAL:
Faixa 3
Sigh No More
Mumford and Sons

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Holland Road

A gente se perde. Eu me perco. Às vezes do nada, às vezes por motivos extrínsecos que me deixam tão desanimada com a vida e com possíveis planos e eu me sinto desligada de tudo e de todos.
Meus pensamentos não são esperançosos, nem "abençoados"; questiono as vontades daquele em quem eu deveria depositar 100% da minha confiança, questiono as minhas próprias decisões, meu coração fica frio e vira pedra e eu me submeto aos conflitos, às dúvidas, à falta de esperança.
E então eu chego ao fundo do poço, acordo sem vontade, saio de casa sem rumo, assisto às aulas sem inspiração, eu deixo de viver.
Isso tudo, na verdade, faz parte de um processo muito maior, e muito lindo na minha opinião... Desde que não pare por aí.
Eu decido. Sim, volto a lembrar daquela palavra que tanto gosto: "Timshel". Eu decido mudar, decido me levantar, decido buscar ajuda, decido procurar motivação, inspiração, decido ocupar-me de mim mesma. E então, eu me levanto e eu deixo de me alimentar do desânimo, das dúvidas e de tudo que me faz mal. Eu volto a acreditar, a confiar, nunca perfeitamente, mas sempre buscando melhorar. Porque eu sei que Ele é maior que tudo isso, e Ele acredita em mim, e Ele vai me ajudar das maneiras mais inimagináveis e diversificadas possíveis, como uma música enquanto desço uma avenida movimentada, ou espero o metrô, através de amigos queridos ou ao ler livros que nunca imaginei que existissem. Só preciso prestar atenção e estar disposta a ouvi-lo.
Posso me perder de novo. É natural da vida que venham novos desafios, novos conflitos, novos desânimos, mas é só o processo de renovação que começa novamente, e com o tempo eu espero conseguir prolongar e fortalecer o período renovador/renovado, para que a cada renovação os conflitos, dúvidas, e desânimos sejam menores, e menos significantes e não ocupem tanto tempo e espaço na minha vida.

MORAL:
Faixa 4
Babel
Mumford and Sons

quinta-feira, 8 de março de 2012

Timshel

Tu podes.
Tu podes largar um vício
Tu podes mudar o rumo da tua vida
Tu podes vencer a tentação
Tu podes ser salvo
Tu podes vencer a depressão
Tu podes ser feliz
Tu podes não mudar nada
Tu podes seguir o plano original
Tu podes cair em tentação
Tu podes recusar a salvação
Tu podes deixar de viver e passar a existir
Tu podes ser vencido pelo medo, ansiedade, infelicidade
 

Porque afinal de contas, é tudo uma questão de escolha.
Quando eu tenho umas recaídas e não sei o que fazer da minha vida, não quero sair da cama por nada, quando eu questiono a minha fé, quando eu tenho medo, eu tiro um tempo pra mim, e penso.
Eu penso e eu lembro: Timshel, tu podes.
Deus nos deu a capacidade de fazer escolhas e cabe a nós lutar pela escolha certa pra que Ele nos ajude a sair de qualquer buraco que nos aprisiona.
Basta fazer a escolha certa que bençãos caem sobre nós.

MORAL:
file under VERY IMPORTANT LIFE CHANGING INFORMATION: 

Timshel.


-FM

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Mudanças


1 de Janeiro de 2006 - Depois de passar a virada com os amigos da igreja, eu deito na cama e fico pensando no ano que passou, e no dia que amanheceria em algumas horas. Até então eu tinha pra mim que o primeiro dia do ano era uma coisa extraordinária, como se fosse a chance que todos esperavam pra mudar, começar uma dieta, tomar um rumo na vida, começar mais uma etapa acadêmica, mas percebi que o dia que amanheceria seria só mais um dia, que as pessoas raramente mudam alguma coisa nas suas vidas, e que toda a festa, o auê e fogos eram meramente simbólicos, não havia mudança nenhuma.
1 de Janeiro de 2007- Eu chorava de alegria pelas promessas (que nunca foram cumpridas no fim das contas). E realmente acreditava que seria um ano melhor, que haveria mudanças, que as coisas seriam diferentes, pelo menos na minha vida.
1 de Janeiro de 2008- Foi bem um trauma. Ter que dizer não pra alguém que cared so much about me, e ter que admitir pra mim mesma que todas as esperanças do último 1 de Janeiro ainda estavam ardendo dentro de mim. Não houve mudança nenhuma, nada foi feito a respeito. E eu chorava.
1 de Janeiro de 2009- Eu tinha fugido das lembranças do 1 de Janeiro anterior e acabei por deslocada num lugar familiar. Chorei e vi que eu ainda não tinha mudado tanto como eu achava, mas percebia que já era mais que hora de fazer isso.
1 de Janeiro de 2010- Acho que nunca chorei tanto (inspirador, nao?!). Sem esperanças de um ano melhor, sem ninguém pra chorar junto, sem nada to run away from. Me sentia inerte, forçada a viver do mesmo jeito, sem que nada me impactasse e me fizesse mudar de idéia, de rumo, sem perspectivas, com muita mudança geográfica, mas nada significante o bastante pra mudar minha vida.
1 de Janeiro de 2011- Melhor virada da minha vida. Um sonho realizado ao ver e sentir a banda que gosto tanto tão perto e com tanta intensidade, e trazendo palavras que me fizeram sentir melhor em relação a tudo. Eu já sentia minha vida mudando, lenta e definitivamente. Uma lágrima de emoçao ao ve-los entrar no palco foi logo detida pela minha vontade de mudar as coisas, quebrar essa repetição de todos os anos, mudar a maneira de começar um dia novo, de um ano novo.
1 de Janeiro de 2012- Feliz. Morrendo de rir de perguntas idotas, e conversas com os amigos. Mudando o decorrer das últimas semanas, que não foram as melhores. Falando sem pensar, pensando antes de fazer. Resolvendo continuar com as deicisões tomadas durante o ano, decidida a aceitar as mudanças que virão com essas decisões.

Não é no ano novo que fazemos decisões, e tomamos atitudes revolucionárias pras nossa vidas. As comemoraçoes são, sim, simbólicas. Todo dia é um dia novo, todo dia é uma nova chance de começar de novo, de tomar decisões e atitudes revolucionárias, pode não ser no 1 de Janeiro, o ano tem 365 dias, e a gente ainda tem uma vida toda pela frente pra decidir o que queremos da nossa vida, pra descobrir o que Deus quer da nossa vida, pra deixar coisas ruins pra trás e fechar cicatrizes, parar de fugir, pra começar a viver, e a sorrir, e a se divertir com as pessoas que estão ao seu redor.

MORAL: 
Legal mesmo seria poder soltar fogos, comer peru, e tomar champagne todos os dias e que todo dia seguinte fosse feriado!

-FM

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

eu decidi que hoje

não vou falar da minha vida amorosa (although i might get there at some point).
to lendo um livro do Rob Bell, "Valvet Elvis", e o capítulo de ontem a noite falava sobre aqueles momentos na nossa vida que se tornam muito maiores quando você percebe a presença de Deus. Eu fiquei pensando "será que eu já tive um desses?" aí eu lembrei dessa vista:


Isso foi em Londres, com o grupo da escola; eu acho que ninguém percebeu o que eu percebi,  todo mundo tava com pressa porque a gente tinha que encontrar a outra parte do grupo em alguns minutos, mas quando eu olhei pro lado e vi isso eu não me segurei e tive que tirar uma foto. O que não dá pra perceber na foto, mas que eu sentia quando parei, é o calor do sol. Eu me senti parte do cenário, como se essa luz que vinha na minha direção, estivesse me puxando pra dentro dessa dinâmica, como se fosse a mistura perfeita do material, da natureza e do homem. Um momento que se tornou muito maior quando eu percebi que só existe um alguém que consegue equilibrar todas essas coisas, só Ele holds it all together.
E ainda antes dessa viagem quando minha "gêmea de pensamentos", as we call each other, foi se despedir de mim... só nós duas no meu quarto, não falando de nada muito importante, mas no fundo sabendo que depois daquele dia só Deus sabe quando vamos nos encontrar again. Uma certa tristeza, mas como se as coisas estivessem normais. Ela ficou em casa por uns 20 minutos, foi lá só pra falar tchau, fui com ela até o estacionamento, e aquele ultimo olhar que ela me deu, fez com que eu percebesse como Deus foi bom de ter colocado uma pessoa tão especial quanto ela na minha vida. 
quando ele me abraçou por 10 minutos (i told you i'd get there), e ficamos enrolando pra falar tchau por  duas horas e depois quando disse "always" antes de ir embora, percebi o quanto Deus foi bom de ter feito tudo aquilo acontecer, percebi que Deus realmente responde nossas orações no tempo e no jeito Dele. Um momento que já era de grande significância, se torna ainda maior.
Somente Ele faz as coisas acontecerem, somente Ele consegue que coisas tão distintas coexistam. Só Nele encontramos as coisas que fazem nossos momentos se tornarem maiores.

MORAL:
"Because it isnt just concerts and surfing and the high points, and it isnt just those beautiful moments in the midst of the everyday and mundane; it is also in the tragic and the gut-wrenching moments when we cannot escape the simple fact that there is way more going on around us than we realize"
-Rob Bell.

.FM.