sábado, 19 de outubro de 2013

Winter Winds

Eu não gostava das declarações no começo. Eu odiava o tom arrogante sempre que se discutia Psicologia, Política, séries, Bíblia, comida, ou qualquer outra coisa. Eu odiava o fato de nunca se ter nada de bom pra contar, como estava sempre reclamando do trabalho, da faculdade, da família, da igreja, do pastor, dos amigos. Eu odeio ter ficado um pouco reclamona também, de ter me "desensinado" a olhar o lado bom das coisas. Eu odiava que sempre que eu tentava dar uma animada, era compreendida como se eu não soubesse de nada, como se minha vida fosse muito mais fácil, como se eu gostasse de tudo que eu tinha que fazer para fazer as coisas darem certo. Eu não gostei do presente de Natal. Eu odiava saber que minha irmã odiava, que meus pais achavam uma péssima ideia, que meus amigos não gostavam , e mais ainda, odiava saber que todos eles tinham motivos válidos e que no fundo eu sempre acreditei neles. Eu odeio o fato de não ter percebido que nunca houve num processo de mudança de fato, havia apenas remorço. Eu odiava a frieza do meio pro fim, como nunca se tinha tempo pra nada, como nunca dava sinal de vida, como eu ficava aflita a semana toda tendo a certeza de que algo estava errado e só conseguia ficar tranquila aos sábados, depois de passar aquelas poucas horas, só para domingo já estar aflita de novo. Não gostava das "cartas". Não gostava das chatices e do egocentrismo (coisa de bebês recém nascidos que acham que o mundo gira em torno deles). Eu odeio o fato de ter sido vista como fraca, odeio que nunca me ofereceu ajuda, nunca tentou fazer com que eu me sentisse melhor quando eu precisei. Odiava que meus convites nunca eram aceitos, e se fossem, era como que por obrigação, nunca por prazer. Odeiei o "se pá você pode ir comigo", por isso inventei uma desculpa e preferi ficar em casa vendo tv. Odiava não poder ser quem sou por completo. Me arrependo de ter mostrado minha banda preferida, e de ter mostrado o filme que até então me lembrava de coisas boas. Mas não me arrependo e não odiei tudo.
Não digo tudo isso só agora para cuspir no prato em que comi, mas sim porque percebi que tudo isso era verdade desde o começo, desde antes de sermos  "nós", e principalmente depois de virarmos "nós", ou quase isso. Eu sabia mas preferia ignorar. Eu escutava minha razão (não tão razoável) que me encorajava a continuar, afinal de contas, eu já tinha chegado mais longe do que nunca, batidos records, eu não podia desistir. Hoje, fico feliz por não sermos mais "nós", por conseguir me dar conta de tudo isso sem precisar mentir para mim mesma, para você, para os outros. Fico feliz porque, apesar de tudo, foi bom, houve momentos de felicidade, sem dúvidas. Mas principalmente porque posso finalmente dizer que estou feliz de verdade, e que depois de tudo isso, eu aprendi que devo ouvir meu coração quando ele disser "Desta vez, não. Desta vez, não".

MORAL:
Faixa 3
Sigh No More
Mumford and Sons